Projeto “e-Waste” cadastra cooperativas de reciclagem para coleta de lixo eletrônico na capital paulista

Lançado pela associação de cooperativas Rede Sul e a empresa GM&C, o projeto pretende difundir a importância da reciclagem dos resíduos eletroeletrônicos na cidade de São Paulo; Brasil é o quinto maior gerador desse tipo de resíduo no mundo.

Difundir a importância da coleta de lixo eletrônico entre as cooperativas de reciclagem da capital paulista. Essa é uma das missões do projeto “e-Waste”, uma parceria entre a associação Rede Sul e a empresa GM&C - uma das maiores empresas de logística reversa do país. O projeto recém-lançado estende a participação, antes restrita à região sul, para todas as cooperativas da cidade de São Paulo. Os interessados podem solicitar o cadastro diretamente junto à Rede Sul (site).

Fones de ouvido, celulares, computadores e eletrodomésticos. Todos esses utensílios, quando deixam de funcionar e não são mais aproveitados, viram lixo eletrônico. O Brasil é o quinto maior gerador desse lixo no mundo. Anualmente, mais de 53 milhões de toneladas de equipamentos eletroeletrônicos são descartadas em todo o mundo, segundo o “The Global E-waste Monitor 2020”. Na outra ponta, o número de dispositivos, no mundo, cresce cerca de 4% por ano. Apenas o Brasil descartou, em 2019, mais de 2 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos, sendo que menos de 3% foram reciclados, de acordo com o relatório desenvolvido pela Universidade das Nações Unidas (UNU).

De acordo com o coordenador de relações institucionais da GM&C, Henrique Mendes, é necessária uma tarefa conjunta entre os setores púbico e privado para que o tema conquiste a atenção que merece, principalmente tratando-se de preservação do meio ambiente e possível escassez dos recursos naturais. “A reciclagem dos resíduos eletroeletrônicos ainda gera muitas dúvidas. A população não sabe como fazer o descarte de forma adequada e, por sua vez, a maioria das cooperativas não está capacitada para o correto manuseio deste tipo de resíduo. E é exatamente esse o grande desafio do projeto e-Waste”, afirma.

Para Mendes, as cooperativas são fundamentais para o avanço na logística reversa de todos os tipos de resíduos o Brasil. “Os catadores e cooperados são os atores que, desde sempre, carregaram o setor da reciclagem no Brasil. Eles possuem o conhecimento e a capilaridade necessárias para que possamos multiplicar os resultados e avançar daqui em diante”, ressalta.

O projeto e-Waste, acrescenta ele, “vem com o intuito de capacitar as cooperativas para que possam atuar de forma estruturada na logística reversa de eletroeletrônicos, encaminhando os eletrônicos pra uma destinação final segura, adequada e 100% rastreável”.

Somente na capital, a GM&C coletou 120 toneladas de lixo eletrônico desde o início deste ano -- destas, oito toneladas em parceria com a Rede Sul. “Nosso objetivo é que, através do e-Waste, possamos triplicar os números”, ressalta Mendes.

MINERAÇÃO URBANA -- Com maquinários de última geração, a GM&C recupera os mais diversos tipos de materiais presentes nos eletrônicos -- desde plásticos, ferro, alumínio cobre, vidro até outros metais não ferrosos, como ouro e prata.

É a chamada mineração urbana, que pode ser definida como a recuperação de materiais a partir dos resíduos descartados pela população, evitando a necessidade da extração de matéria-prima da natureza -- muitos desses recursos, inclusive, ameaçados de escassez. Somente na GM&C, foram recicladas 4,3 mil toneladas de eletrônicos no ano passado. A meta é atingir 7 mil toneladas até o final de 2022.

Para Mendes, é fundamental divulgar a importância do tema o quanto antes: “Precisamos ter consciência sobre a importância de realizar o descarte correto dos eletroeletrônicos, tanto para evitar contaminações ao meio ambiente, quanto para preservar os recursos naturais e garantir que haverá matéria-prima suficiente para que possamos produzir os novos equipamentos que ainda serão desenvolvidos por esta indústria inovadora”, enfatiza Mendes

NA LEI - Vale ressaltar que, no Brasil, a destinação correta do lixo eletrônico está prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) e foi regulamentada pelo Decreto Federal 10.240/2020. Este dispositivo define metas para os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes sobre a quantidade de pontos de Entrega Voluntária (PEV) que devem ser instalados e de eletrônicos que deverão ser coletados e reciclados anualmente.